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Um banco em Rangsdorf…

Rangsdorf fica no meio do nada, ou seja, no centro de tudo. Não é contradição, é evidência. Sentado no banco que dá para o infinito da paisagem tornamos-nos naquilo que quisermos, basta para isso fechar os olhos e abrir a mente. Na cidade que se inflaciona somos parte de uma massa humana com inércia própria. Sentimos que somos originais mas não passamos do colectivo generalizado, diverso é certo, mais ainda assim colectivo. Somente no vazio somos aquilo que realmente somos, somos o não. Somos não-cópias, não-modas, não-causas, não-vozes, não-mensagens,…e mais importante de tudo, somos não-fragmentos. Somos o inteiro, o elementar, o indivisível, somos O indivíduo. O indivíduo que é tudo, porque tudo o resto é apenas uma colecção de indivíduos. Mas não será essa colecção algo mais que a soma das partes? Ou seja, não será a tal grande cidade algo maior que a colecção dos seus indivíduos?  Pode ser que sim, mas apenas em termos nominais. Todos os grandes avanços e pensamentos até hoje começaram com uma só pessoa, e toda a pessoa começa na solidão.

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2 thoughts on “Um banco em Rangsdorf…

  1. Amigo Liberal says:

    Gostei especialmente da conclusão. É interessante pensar, caro amigo alemão, que tudo o que de grande se fez no mundo começou por ser um pequenino esboço na cabeça de alguém. Algo ainda sem resultado, sem concretização, apenas uma ideia; ideia essa que está refém de uma concretização que pode nunca chegar, bastando para isso que algo mundano distraia ou que outra coisa a detenha. Acho que nesse momento, em que a ideia é bebé e está refém de um passo aleatório, entra o destino. Ou se calhar sempre entrou, logo desde o início. Muito interessante pensar.

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    • state83 says:

      Concordo Sr. Coelho!
      Tirando essa teoria do destino… que como é óbvio um liberal não apoia porque lhe tira aquilo que ele mais preza…

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